Conjunções coordenativas são palavrinhas que, em geral, ligam orações independentes, chamadas coordenadas. Veja quais são essas conjunções e os sentidos que elas têm.
1. Aditivas ® Exprimem adição, soma de ações. São elas: e, nem, (não só)... mas também, mas ainda, (não apenas)... como também.
“...Dará afrontosa morte aos maus e arrendará a vinha a outros lavradores...” (Mt.21.41)
“Assim diz o Senhor: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem se glorie o forte na sua força...” (Jr.9.23)
“Portanto é necessário que lhe estejais sujeitos, não somente pelo castigo, mas também pela consciência.” (Rm.13.5)
Observação
Neste último exemplo, pode ocorrer de a palavra “também” ser omitida.
“...nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra de Deus.” (Lc.4.4)
(O homem não viverá só de pão, mas também de toda palavra de Deus.)
2. Adversativas ® Ligam orações cujas ideias se opõem. São elas: mas, porém, contudo, todavia, no entanto, entretanto.
“...fala cada um de paz com o seu companheiro, mas no seu interior arma ciladas.” (Jr.9.8)
(Falar de paz é bom; armar ciladas é mau.)
“E os homens da cidade disseram a Eliseu: Eis que boa é a habitação desta cidade, como o meu senhor vê; porém as águas são más e a terra é estéril.” (II Re.2.19)
(A habitação ser boa é vantagem; as águas serem más e a terra ser estéril são desvantagens.)
“As formigas são um povo impotente; todavia no verão preparam a sua comida.” (Pv.30.25)
(Ser um povo impotente é um aspecto negativo; preparar a comida no verão revela prudência, precaução, portanto é um aspecto positivo.)
“Os ímpios me armaram laço; contudo não me desviei dos teus preceitos.” (Sl.119.110)
(Os laços foram armados com o objetivo de me desviar, o que seria uma reação ruim; eu não me desviei, o que foi uma boa reação.)
Observações
èAs conjunções adversativas sempre destacam a ideia mais importante dentro de uma frase. Nos versículos citados, os dois primeiros exemplos destacam os aspectos negativos (“mas no seu interior arma ciladas” e “porém as águas são más e a terra é estéril”); os dois últimos destacam os aspectos positivos (“todavia no verão preparam a sua comida” e “contudo não me desviei dos teus preceitos”).
Por causa disso, às vezes se emprega a conjunção “mas” sem estar apresentando oposição de ideias, tendo por finalidade apenas realçar, destacar o que se vai dizer.
“...e não nos conduzas em tentação, mas livra-nos do mal.” (Lc.11.4)
(Não conduzir em tentação é bom; livrar do mal também é bom. Não haveria, portanto, necessidade de se usar a conjunção mas; poderia ser utilizada a conjunção e. Porém, o uso de mas evidencia que “livrar do mal” é um pedido mais importante do que “não conduzir em tentação”.)
“Os que confiam no Senhor serão como o monte de Sião, que não se abala, mas permanece para sempre.” (Sl.125.1)
(Não se abalar é bom; permanecer para sempre também é bom. Assim como no exemplo de Lucas, nesse caso bastaria que se utilizasse a conjunção e. Contudo, da mesma forma, o uso de mas acende o holofote para a informação “permanece para sempre”, considerando isso mais importante do que não se abalar.)
Quando o mas tem essa função, pode ser substituído por antes, sem alteração de sentido. Essa ocorrência é bastante comum na Bíblia. Observe:
“Bem-aventurado o varão que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes tem seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite.” (Sl.1.1-2)
Substitua a palavra antes por mas no versículo acima e veja que o sentido permanece o mesmo. Não há oposição de ideias: ser bem-aventurado e ter prazer na lei do Senhor são situações boas.
Isso também ocorre no seguinte versículo:
“E o Senhor foi com Josafá; porque andou nos primeiros caminhos de Davi, seu pai, e não buscou a Baalim. Antes buscou ao Deus de seu pai...” (II Cr.17.3-4)
èA conjunção e às vezes apresenta ideia de oposição, sendo, nesse caso, classificada como conjunção adversativa. Veja:
“Cobiçais, e nada tendes; sois invejosos e cobiçosos, e não podeis alcançar; combateis e guerreais, e nada tendes, porque não pedis.” (Tg.4.2)
(Cobiçar, combater e guerrear são atitudes de quem visa conseguir algo, mas, como se percebe nesse versículo, não se está conseguindo obter o que se deseja. Temos então ideias opostas, ligadas pela conjunção e.)
3. Alternativas ® Apresentam alternância ou escolha. São elas: ou, ou...ou, ora...ora, quer...quer.
“...De sorte que, ou vivamos ou morramos, somos do Senhor.” (Rm.14.8)
“Somente deveis portar-vos dignamente conforme o evangelho de Cristo, para que, quer vá e vos veja, quer esteja ausente, ouça acerca de vós...” (Fp.1.27)
“Então, ou seja eu ou sejam eles, assim pregamos e assim haveis crido.” (I Co.15.11)
Observação
O par quer...quer às vezes fica omitido. Veja:
“Então, irmãos, estai firmes e retende as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa.” (II Ts.2.15)
(...quer seja por palavra, quer seja por epístola nossa.)
QUESTIONAMENTO PERTINENTE
Há quem inclua o par seja...seja entre as conjunções alternativas. Isso não faz sentido, pois, se assim fosse, não iria para o plural em momento algum, já que as conjunções não têm plural. O que temos, nesse caso, é a repetição do verbo ser, com a omissão do par de conjunções quer...quer.
“Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades: tudo foi criado por ele e para ele.” (Cl.1.16)
(...quer sejam tronos, quer sejam dominações...)
4. Explicativas ® Apresentam uma explicação para o fato anterior. São elas: pois (iniciando oração), porque, que, porquanto.
“Mas disse-lhe Pedro: O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro.” (At.8.20)
“Confiai no Senhor perpetuamente, porque o Senhor Deus é uma rocha eterna.” (Is.26.4)
“...Senhor, salva-nos, que perecemos.” (Mt.8.25)
“E, pretendendo prendê-lo, recearam o povo, porquanto o tinham como profeta.” (Mt.21.46)
5. Conclusivas ® Apresentam uma conclusão para o que se disse antes. São elas: pois (não iniciando oração), portanto, logo, então, por isso.
“Amo o Senhor, porque ele ouviu a minha voz e a minha súplica, porque inclinou sobre mim os seus ouvidos; portanto invocá-lo-ei enquanto viver.” (Sl.116.1-2)
“E também agora está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto, é cortada e lançada no fogo.” (Mt.3.10)
“...Que te parece, Simão? De quem cobram os reis da terra os tributos ou o censo? Dos seus filhos ou dos alheios? Disse-lhe Pedro: Dos alheios. Disse-lhe Jesus: Logo, estão livres os filhos.” (Mt.17.25-26)
Veja um uso raro da conjunção assim que como conclusiva:
“E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou. Assim que daqui por diante a ninguém conhecemos segundo a carne, e, ainda que também tenhamos Cristo segundo a carne, contudo agora já não o conhecemos deste modo. Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” (II Co.5.15-17)
(As conjunções destacadas equivalem a “portanto”.)
Por ora é só.
Por ora é só.
Do "Português aplicado à Bíblia" para o mundo! Já tive o privilégio de ler algumas de suas análises na própria gramática, mas não tinha um exemplar. Agora ficou mais fácil apreciá-la, pois posso acessá-la de onde estiver.
ResponderExcluirUm abraço,
Daniella
Obrigado pelo comentário. Sei que posso contar sempre com o incentivo de vocês e farei de tudo para corresponder à confiança.
ExcluirBoa tarde prof vc poderia ter um canal no YouTube eu estou aprendendo muito
ResponderExcluircomo conseguir esse exemplar?
ResponderExcluirSinto-me feliz pelo conteúdo, que em muito edifica.
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